PINGANDO AZEITE
Gerson Borges de Macedo

 

TRIBUTO AO DALTON MEHL ANDRUSKO: 60 ANOS DE CRÔNICA


Dalton Mehl Andrusko, uma lenda viva - Memórias Paraná

A voz bem colocada... que não agredia os ouvidos de quem sintonizava as emissoras de rádio pelas quais passou, e foram inúmeras em Curitiba, nos trazia uma sensação gostosa de ouvir o turfe no rádio! Pelas ondas da Rádio Cruzeiro do Sul - a emissora oficial do turfe, conheci Dalton Mehl Andrusko, talvez o mais laureado comentarista de turfe que tivemos por aqui.
A voz do Dalton é típica de um radialista! Marcante... mas de um jeito suave que nos remete aos locutores de FM em programas românticos da madrugada. Mas essa voz estava a serviço do turfe, desde meados de 1960.
Eu, piazote de tudo, não ousava indicar para meu pai, turfista “de vez em quando” uma barbada sem o carimbo do Dalton. Primeiro eu o ouvia durante a semana toda, na hora sagrada do almoço, com o programa Cruzando o Disco e especialmente às sextas-feiras quando junto com outras feras da crônica “dissecavam” a domingueira do Tarumã. Pronto... eu já estava apto de no alto dos meus 12 anos passar a resenha de cada páreo aos que se dispunham a me ouvir, com o peito cheio de orgulho como se radialista fosse.
No Tarumã, de radinho de pilha no ouvido, lá do gramado, ao lado de meu primo e de meu irmão eu olhava as cabines de rádio, aumentava o volume e dizia - olha.... é o Dalton que está falando! Na minha turma tínhamos fãs do Edson Ruck, do Ary Ayres, do Ivo Chiarelo e do Léo Veloso nas narrações, mas o Dalton era unanimidade nos comentários.
Os anos passaram, e eu me afastei do turfe... e eu voltei para o turfe e fui parar na Rádio Capital na equipe de quem? Lógico... de Dalton Mehl Andrusko! Imaginem a emoção, rádio uma paixão, turfe outra paixão, ao lado dos donos das vozes que me forjaram naquele mundo das corridas - Dalton e Edson Ruck. Estava como eu queria né? Um presente de Deus... sem dúvida e destino traçado!
Mas a história aqui não é a minha e sim do meu padrinho na crônica que completa em junho ou em julho (nem ele sabe direito) 60 anos ininterruptos de atividades como cronista. Rádio, jornal, tv... Dalton divulgou o turfe em todos os canais de comunicação e continua na ativa no Jornal do Turfe. O Jockey Club do Paraná deve muito a ele. O turfe deve muito a ele!
Eu diria que o Dalton é uma figura quase que “folclórica” no turfe.  Pelo seu jeito de ser, sempre profissional, mas brincalhão, tendo uma vasta rede de amigos e conhecidos no mundo das corridas, chamando os outros de “deputado” e buscando não criticar ninguém, o meu padrinho passou esses 60 anos contando histórias!
Seu jeitão “germânico” de ser pode ser confundido com um cara diferente do que ele é - mas na verdade é um gente boa, que adora ouvir e contar uns causos do turfe.
Habitué dos matinais do Tarumã (chegou a transmiti-los pelo rádio) aos sábados, arrancava a fórceps dos treinadores e jóqueis as barbadas da semana para dividi-las ou não com seus ouvintes, sempre segurando a velha prancheta onde com letras desenhadas anotava tudo que subsidiasse seus comentários.
Dalton Luis Mehl Andrusko, completa portanto 60 anos dedicados a divulgar o turfe! Com seu jeito de ser - criticado por uns, elogiado por outros, mas respeitado por todos.
Coxa branca, titular do Stud Passeio (farda igual a camisa do Boca Juniors), pão duro de carteirinha, detalhista de irritar, minucioso ao extremo,  paranaense apaixonado pelas coisas de nosso Eestado, simpático, brincalhão, conhecedor dos meandros do turfe, amigo dos amigos, teimoso, carismático, competente e um profissional na acepção da palavra a serviço do turfe!
Dalton viu e continua vendo e contando as histórias do mundo das corridas de cavalos.
Era sempre um orgulho após o final das jornadas da rádio e tv, descer a “rampa do planalto” como ele gosta de chamar a passarela do padoque do Tarumã que dá acesso às cabines de transmissão. Ele sempre de cabeça erguida... como a saborear mais uma história contada.
Fica aqui o meu respeito, o meu reconhecimento e a minha admiração pelos 60 anos de serviços prestados pela nossa causa - o turfe!
Foi uma honra ter dividido a cabine e os microfones com você! À benção padrinho! Que venham mais 60 anos de trabalho. Quem sabe ainda vamos contar juntos, como nos velhos tempos as histórias das corridas do Tarumã, eu narrando e você nos abalizados comentários...

RÁPIDAS, RASTEIRAS E VENENOSAS

Falando em Dalton Mehl Andrusko, logo vem à mente dezenas de histórias pitorescas que nosso amigo foi protagonista. Aliás o Dalton era “vítima” de muitos de nossos causos, mas ele gostava dessa função.
Tem uma que vivenciei na cabine da TV/Rádio e que com certeza nem ele lembra! No Tarumã, corria um cavalo chamado Verdugo que era cego de um olho. Num páreo cheio de animais estreantes, de proprietários tradicionais do Paraná - o tal Verdugo resolveu correr mais do que devia e foi para a fotografia da vitória. Eu passo a palavra para o Dalton depois da prova dando a deixa: E aí Dalton... surpreendente a vitória do Verdugo não é?  E o Dalton vem com essa: Pois é Gerson... como diz o ditado - em terra de cego quem tem um olho é rei!!!
Não precisa dizer que o Dalton teve que sair do Tarumã escoltado por seguranças, porque os proprietários dos outros cavalos queriam bater o pó dele...


 
 
 

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